O \u00fanico muro que n\u00e3o traz o retrato de uma figura espec\u00edfica e sua rela\u00e7\u00e3o com aquele territ\u00f3rio, o nosso 21o mural \u00e9 uma ampla homenagem \u00e0 cultura africana mas que destaca a figura da griotte e do griot (gri\u00f4):\n

\nGriots e griottes s\u00e3o os nomes dados aos contadores, contadoras e\/ou cantadores e cantadoras das hist\u00f3rias africanas, principalmente no Mali e Burkina Faso. Peregrinavam pelas aldeias comunicando e compartilhando mem\u00f3rias. S\u00e3o compar\u00e1veis aos aedos e rapsodos que apresentavam-se na \u00c1gora na Gr\u00e9cia, conforme se aprende na escola. Homero seria um exemplo e a Il\u00edada e a Odisseia, os registros de mem\u00f3rias, consideradas parte da hist\u00f3ria da humanidade. Somente na recente obra citada, Hist\u00f3ria geral da \u00c1frica, \u00e9 que os relatos dos griots, africanos v\u00eam sendo considerados como hist\u00f3ria.

\n\nA cultura griot se originou principalmente do h\u00e1bito de reunir o grupo em torno do narrador, como modo de divertir e apreciar a habilidade de contar hist\u00f3rias. O narrar, em muitas culturas, permanece por meio da tradi\u00e7\u00e3o dos griots, respons\u00e1veis por narrar a hist\u00f3ria e a cultura de seus povos, peregrinando pelas aldeias, levando not\u00edcias e mem\u00f3rias, quer faladas, quer cantadas, e as influ\u00eancias desta figura ancestral podem ser percebidas em todas as formas culturais e musicais de origem africana, que por seu turno t\u00eam potencial de agregar audi\u00eancias, simpatizantes e formar seguidores.\n

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\nDentre as v\u00e1rias facetas em que o racismo se manifesta, uma delas \u00e9 a fal\u00e1cia de que os africanos n\u00e3o tinham um sistema de escrita. \u00c9 muito importante frisar que os norte-africanos j\u00e1 seriam letrados e de tradi\u00e7\u00e3o isl\u00e2mica, portanto, liam o Alcor\u00e3o.\n

\nAinda, na \u00c1frica, arque\u00f3logos encontraram tra\u00e7os de uma escrita mais antiga, os Adinkra, t\u00e3o importante quanto a eg\u00edpcia.\n

\nSegundo estudos de Elisa Larkin, s\u00e3o ideogramas de uma escrita antiga que obviamente evidencia que a pr\u00e1tica da escrita surgiu, na verdade, no continente africano.\n

\nOs adinkra s\u00e3o uma linguagem de ideogramas impressos, em padr\u00f5es repetidos, sobre um tecido de algod\u00e3o.\n

\nConsiderado como um objeto de arte, o Adinkra (adeus, em twi) constitui um c\u00f3digo do conhecimento referente \u00e0s cren\u00e7as e a hist\u00f3ria deste povo.\n

\nNo muro, Caz\u00e9 retratou a pequena estudante \u201cDandara\u201d pintando o Sankofa:\n

\nUm s\u00edmbolo associado frequentemente ao Sankofa \u00e9 o p\u00e1ssaro de passagem, as aves migrat\u00f3rias: Ele est\u00e1 sempre olhando para tr\u00e1s.\n

\nO s\u00edmbolo Sankofa dos Adinkras, um p\u00e1ssaro estilizado que se move para frente, mas sempre olha para tr\u00e1s, lembra-nos que \u00e9 imposs\u00edvel entender o presente sem entender e ser conscientes do passado.\n

\nAl\u00e9m do p\u00e1ssaro, h\u00e1 outro s\u00edmbolo que representa o Sankofa, \u00e9 o de um cora\u00e7\u00e3o.\n

\nCaz\u00e9 tamb\u00e9m pintou o Nkonsonkonson, cuja tradu\u00e7\u00e3o literal significa \"Estamos atados como os elos de uma corrente; Estamos ligados na vida e na morte. Os homens que compartilham de uma rela\u00e7\u00e3o de sangue comum nunca se separam uns dos outros.\"\n

\nNk\u0254s\u0254nk\u0254ns\u0254n refere-se a uma corrente, e significa que a forte liga\u00e7\u00e3o entre pessoas de linhagem comum \u00e9 dif\u00edcil de romper. Os elos da corrente vinculam as rela\u00e7\u00f5es humanas de unidade, fraternidade, interdepend\u00eancia e coopera\u00e7\u00e3o.\n

\nA for\u00e7a de uma cadeia depende dos elos individuais ligados entre si. Quando uma unidade torna-se fraca, isso pode provocar uma ruptura na cadeia. O sentido baseia-se na cren\u00e7a de que os ancestrais se interessam em proteger constantemente o bem-estar dos vivos.\n

\nOs griots utilizam diversos instrumentos em suas transmiss\u00f5es de conhecimentos, mais especificamente o kora, xalam, goje, balafon e o ngoni. Eles tamb\u00e9m transitavam entre os pa\u00edses firmando tratados comerciais e ensinavam \u00e0s crian\u00e7as dan\u00e7as, hist\u00f3rias e cantos ancestrais.\n

\nA oralidade, para eles, \u00e9 sagrada e transmissora da paz.\n

\nAntigamente, os griots eram os conselheiros dos reis. Segundo a tradi\u00e7\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel se tornar griot, s\u00f3 se nasce assim, e o sangue \u00e9 passado atrav\u00e9s do pai.\n

\n\u00c0 esquerda, Caz\u00e9 pintou uma refer\u00eancia \u00e0 arquitetura do Mali, a arquitetura vern\u00e1cula. Esse tipo de constru\u00e7\u00e3o pode ser encontrado em toda a regi\u00e3o do Sahel na \u00c1frica. A arquitetura maliana desenvolveu-se durante o Imp\u00e9rio de Gana, que fundou a maioria das grandes cidades do Mali.\n

\nMarcadas pela utiliza\u00e7\u00e3o do barro como material de base e de acabamento, as edifica\u00e7\u00f5es se mesclam com o cen\u00e1rio seco. A terra, o mais abundante e acess\u00edvel material na natureza, \u00e9 usada desde os tempos primitivos para a constru\u00e7\u00e3o de casas, mas foram as t\u00e9cnicas desenvolvidas no Mali, adicionado \u00e0 fluidez est\u00e9tica, que marcaram a hist\u00f3ria, com a utiliza\u00e7\u00e3o do tijolo adobe, feitos a partir de lama pisada, suplementado com componentes naturais como esterco ou grama picada. Os tijolos secos ao sol durante duas semanas s\u00e3o a base da constru\u00e7\u00e3o, que utiliza o mesmo material como argamassa. Acima de tudo funcional, a arquitetura maliana nasce para aperfei\u00e7oar a intera\u00e7\u00e3o do homem com o meio ambiente seco e de ventos fortes, predominante na regi\u00e3o. Assim, as constru\u00e7\u00f5es, al\u00e9m da for\u00e7a de express\u00e3o criativa e aut\u00eantica, trazem t\u00e9cnicas complexas para a adapta\u00e7\u00e3o \u00e0 atmosfera em que est\u00e1 inserida.\n

\n\u00c0 direita, os baob\u00e1s, \u00e1rvores sagradas africanas, n\u00e3o s\u00e3o as maiores mas s\u00e3o as mais longevas \u00e1rvores do mundo, podendo vegetar por mais de 5.000 anos.\n\n<\/h2>\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/section>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/section>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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