Apresentamos S\u00e3o Jorge nas primeiras cenas do muro em homenagem a Mano Eloy, pois o santo guerreiro \u00e9 padroeiro da agremia\u00e7\u00e3o e muito cultuado pelos imperianos.

\n\nTamb\u00e9m falamos da Madureira antiga ao apontarmos o velho Mercad\u00e3o onde atualmente est\u00e1 situado a pr\u00f3pria quadra do @imperioserrano, assim como a antiga esta\u00e7\u00e3o Dona Clara (atualmente pra\u00e7a do Patriarca) que era ponto de encontro dos sambistas e batuqueiros do in\u00edcio do s\u00e9culo XX e tamb\u00e9m regi\u00e3o onde Mano Eloy residia.\n

\nMano Eloy era frequentador da casa de Dona Marta, m\u00e3e de santo e jongueira do Morro da Serrinha e no livro da Historiadora Alessandra Tavares cont\u00e9m uma preciosa mem\u00f3ria da Dona Leda (filha de Tia Eul\u00e1lia, uma das fundadoras do Imp\u00e9rio Serrano) em uma \u00e9poca que n\u00e3o era permitida a participa\u00e7\u00e3o das crian\u00e7as em rodas de jongo, mas que confirma a lideran\u00e7a e sagacidade deste velho jongueiro retratado pelo Caz\u00e9 na entrada social da quadra do GRES Imp\u00e9rio Serrano e que contou com a presen\u00e7a do Jongo da Serrinha na inaugura\u00e7\u00e3o do muro: \n<\/h2>\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/section>\n\t\t\t\t

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\u201cCerta vez, quando Dona Leda e seus amigos estavam espiando por entre as cercas o que se passava na casa de Dona Marta, p\u00f4de ver a chegada da pol\u00edcia. Era uma \u00e9poca em que as visitas policiais aos espa\u00e7os de religiosidade de matriz africana, como era o caso do terreiro de Dona Marta, eram frequentes. Mano Eloy que estava presente levantou-se e foi resolver a situa\u00e7\u00e3o com a autoridade policial em quest\u00e3o, que se retirou e deixou o evento do terreiro de Dona Marta prosseguir sem maiores abalos. Essa foi uma das lembran\u00e7as que foram al\u00e7adas como formas de identificar Mano Eloy nas redes de sociabilidade jongueiras e religiosas do morro da Serrinha. O que, inclusive, era um car\u00e1ter reconhecido pela mem\u00f3ria sobre Mano Eloy, que era macumbeiro e um respeitado jongueiro Cumba, daqueles que em meio de uma roda n\u00e3o era s\u00f3 mestre em desatar um ponto como de lan\u00e7ar demandas\".\n

\nAtrav\u00e9s de um movimento dissidente de escolas de samba contr\u00e1rias \u00e0 ideia do t\u00edtulo rec\u00e9m criado de Cidad\u00e3o Momo no ano de 1935, surge ent\u00e3o mais um personagem do carnaval carioca que \u00e9 o Cidad\u00e3o Samba. \n

\nDivulgado pelo jornal Di\u00e1rio da Noite em 1936 (onze anos antes da funda\u00e7\u00e3o do Imp\u00e9rio Serrano), essa titula\u00e7\u00e3o era concedida \u00e0queles que detinham saberes e realiza\u00e7\u00f5es no circuito sambista e que ao mesmo tempo reivindicavam a cidadania da popula\u00e7\u00e3o afro-carioca atrav\u00e9s das escolas de samba entendidas como territ\u00f3rios de associativismos negros. \n

\nAs agremia\u00e7\u00f5es, de acordo com a Historiadora Alessandra Tavares, podem ser entendidas como \"organiza\u00e7\u00f5es que se dedicavam ao lazer podendo ser consideradas com base em suas estrat\u00e9gias, compreendidas como caminhos encontrados pelos grupos sociais para reivindica\u00e7\u00e3o, positiva\u00e7\u00e3o e representa\u00e7\u00e3o de si e de suas pr\u00e1ticas, em uma sociedade excludente\".\n

\nO concurso ocorreu na sede da Uni\u00e3o das Escolas de Samba e contou com representantes de 32 escolas tendo 18 votos para Eloy e 14 votos pro segundo lugar que ficou com Cartola, representando a Esta\u00e7\u00e3o Primeira de Mangueira.\n

\nNa foto publicada pelo Di\u00e1rio da Noite nota-se uma postura de respeitabilidade e lideran\u00e7a entre os nomes presentes destacando Mano Eloy centralizado com sua cal\u00e7a risca de giz e palet\u00f3 abotoado fazendo oposi\u00e7\u00e3o ao s\u00edmbolo do Rei Momo que carrega consigo s\u00edmbolos da monarquia atrav\u00e9s da sua figura enquanto o t\u00edtulo de Cidad\u00e3o Samba dialoga com princ\u00edpios republicanos.\n

\nEsta cena retratada por Caz\u00e9 \u00e9 a reprodu\u00e7\u00e3o da primeira sede do Imp\u00e9rio Serrano localizada na Rua Balaiada no Morro da Serrinha. \n

\nO gigante Mano Eloy foi incans\u00e1vel atuando em v\u00e1rias frentes no \u00e2mbito da constru\u00e7\u00e3o cultural urbana negra do Rio de Janeiro, sendo tamb\u00e9m um dos fundadores da verde e branco de Madureira.\n

\nEloy Anthero Dias foi um membro fundamental no primeiro ano do Imp\u00e9rio Serrano, al\u00e9m de ter doado os instrumentos de bateria da Deixa Malhar para a escola rec\u00e9m fundada da Serrinha que seria campe\u00e3 em seu primeiro carnaval conquistando quatro t\u00edtulos seguidos entre 1948 e 1951.\n

\n\u201cPrimeiro ano - Imperial\nSegundo ano - Imperial \nTerceiro ano - Imperial \nEste \u00e9 o rei dos reis\nO campe\u00e3o do carnaval\n

\nS\u00e3o tr\u00eas anos de exist\u00eancia\nQuatro anos de vit\u00f3ria\nIsto para a nossa escola \n\u00c9 uma grande gl\u00f3ria\u201d\n(Br\u00e1ulio de Oliveira) \n

\nMano Eloy presidiu o Sindicato da Resist\u00eancia dos Trabalhadores em Trapiche e Caf\u00e9 entre 1947 a 1950 e sua atua\u00e7\u00e3o como l\u00edder sindical foi fundamental para os primeiros passos do Imp\u00e9rio Serrano, pois se estabeleceu uma rela\u00e7\u00e3o de sociabilidade e de trabalho entre a agremia\u00e7\u00e3o e o sindicato. \n

\nJ\u00e1 que entre fundadores e moradores do Morro da Serrinha havia um grande efetivo de trabalhadores do Sindicato da Resist\u00eancia, Mano Eloy inteligentemente adotou a estrat\u00e9gia para que os trabalhadores do porto direcionassem um donativo ao Imp\u00e9rio Serrano para fortalecer financeiramente o Reizinho de Madureira tendo o livre acesso \u00e0s festas organizadas da agremia\u00e7\u00e3o como uma das contrapartidas. \n

\nPode-se dizer que esse movimento foi crucial para a escola de Madureira se projetar de maneira retumbante, al\u00e9m do seu estatuto seguir o modelo democr\u00e1tico do sindicato da Resist\u00eancia at\u00e9 os dias atuais.\n

\nDepoimento do senhor Mazinho ent\u00e3o presidente da Velha Guarda do Imp\u00e9rio Serrano em 2011 para Alessandra Tavares:\n

\nConvidaram tamb\u00e9m uma pessoa que era presidente do sindicato dos arrumadores para fazer parte da funda\u00e7\u00e3o do Imp\u00e9rio, pois estava faltando grana. E essa pessoa \u00e9 esse mo\u00e7o aqui\n(aponta para o desenho de Eloy Anthero Dias, patrono do Imp\u00e9rio Serrano, existente na beira do\npalco). \n

\nEloy Anthero Dias era presidente l\u00e1 do Sindicato dos arrumadores, ent\u00e3o ele ajudou a fundar o Imp\u00e9rio e todos aqueles que queriam trabalhar no cais do porto tinham que assinar e dar 50 mil r\u00e9is, o dinheiro da \u00e9poca: \n

\n\u201cQuer trabalhar? Quer? N\u00f3s estamos fundando essa escola e voc\u00ea vai ter que dar 50 mil r\u00e9is\" (risos). \n

\nFazia aquela chantagenzinha, n\u00e9? E o Imp\u00e9rio veio com aquela for\u00e7a! E por isso que dizem que a origem do Imp\u00e9rio \u00e9 o cais do porto.

\n\nO Imperio nasceu rico, com dinheiro, mas de trabalhador, n\u00e3o foi de banqueiro! Ficou at\u00e9 um apelido quando eles esnobavam. Na sexta-feira, quando est\u00e1 todo mundo solto, quando chegava o pessoal do cais do porto na Central do Brasil, era aquela euforia: \"Chegou o Imp\u00e9rio rico! Chegou o Imp\u00e9rio rico!\u201d \n

\nEra chopada para tudo o que \u00e9 lado, mulher bonita e nego todo cheio de dinheiro, nego tudo cheiroso, est\u00e1 me entendendo? Assim veio o Imp\u00e9rio.\n

\nEloy Anthero Dias certamente representa o \"sambista perfeito\" presente nos versos de Arlindo Cruz, pois reunia consigo diversos atributos e saberes - l\u00edder sindical, jongueiro, sambista, presidente de escola de samba e babalorix\u00e1 - que o tornou uma das maiores refer\u00eancias no contexto afro-carioca do in\u00edcio do s\u00e9culo XX e posteriormente Presidente de honra do GRES Imp\u00e9rio Serrano. O termo sambista pode ser entendido al\u00e9m da quest\u00e3o musical por ser fruto de um movimento social que refor\u00e7ou a cidadania atrav\u00e9s das agremia\u00e7\u00f5es fundadas, estes sujeitos reivindicam seus lugares sociais baseado em suas manifesta\u00e7\u00f5es culturais. \n

\nNei Lopes em sua obra \"Novo dicion\u00e1rio banto do Brasil\" define o termo \"Mano\" origin\u00e1rio do umbundo omanu, homem com influ\u00eancia, do espanhol \"hermano\". Dessa forma podemos concluir que \"Mano Eloy\" atribui-se a um tratamento respeitoso entre os sambistas mais antigos e o retrato estampado na entrada social da quadra do Imp\u00e9rio Serrano traduz a grandeza desta lideran\u00e7a preta por conta do seu olhar sereno, mas ao mesmo tempo imponente acompanhado do seu charuto aceso zelando a quadra que leva o seu nome. \n

\nPintar o Mano Eloy no m\u00eas de Xang\u00f4 (orix\u00e1 que lhe \u00e9 atribu\u00eddo) certamente foi uma das experi\u00eancias mais marcantes do NegroMuro pela estreita rela\u00e7\u00e3o da comunidade da escola com esta divindade iorub\u00e1 da justi\u00e7a. A trajet\u00f3ria de vida deste personagem marcante foi de lutar pela justi\u00e7a da popula\u00e7\u00e3o negra do Rio de Janeiro, sobretudo, do sub\u00farbio e dos trabalhadores da zona portu\u00e1ria para reivindicar a cidadania atrav\u00e9s de organiza\u00e7\u00f5es que se dedicavam ao lazer ou ao trabalho. \n

\nViva Mano Eloy! Que sua mem\u00f3ria se fa\u00e7a cada vez mais presente.
\nAx\u00e9! \n<\/h2>\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/section>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/section>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

MUROS MANO ELOY MUROS   MANO ELOY Apresentamos S\u00e3o Jorge nas primeiras cenas do muro em homenagem a Mano Eloy, pois o santo guerreiro \u00e9 padroeiro da agremia\u00e7\u00e3o e muito cultuado pelos imperianos. Tamb\u00e9m falamos da Madureira antiga ao apontarmos o velho Mercad\u00e3o onde atualmente est\u00e1 situado a pr\u00f3pria quadra do @imperioserrano, assim como a …<\/p>\n

Muro: Mano Eloy<\/span> Leia mais »<\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":1434,"parent":0,"menu_order":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","template":"elementor_header_footer","meta":{"footnotes":""},"yoast_head":"\n