Dentre as várias facetas em que o racismo se manifesta, uma delas é a falácia de que os africanos não tinham um sistema de escrita. É muito importante frisar que os norte-africanos já seriam letrados e de tradição islâmica, portanto, liam o Alcorão.
Ainda, na África, arqueólogos encontraram traços de uma escrita mais antiga, os Adinkra, tão importante quanto a egípcia.
Segundo estudos de Elisa Larkin, são ideogramas de uma escrita antiga que obviamente evidencia que a prática da escrita surgiu, na verdade, no continente africano.
Os adinkra são uma linguagem de ideogramas impressos, em padrões repetidos, sobre um tecido de algodão.
Considerado como um objeto de arte, o Adinkra (adeus, em twi) constitui um código do conhecimento referente às crenças e a história deste povo.
No muro, Cazé retratou a pequena estudante “Dandara” pintando o Sankofa:
Um símbolo associado frequentemente ao Sankofa é o pássaro de passagem, as aves migratórias: Ele está sempre olhando para trás.
O símbolo Sankofa dos Adinkras, um pássaro estilizado que se move para frente, mas sempre olha para trás, lembra-nos que é impossível entender o presente sem entender e ser conscientes do passado.
Além do pássaro, há outro símbolo que representa o Sankofa, é o de um coração.
Cazé também pintou o Nkonsonkonson, cuja tradução literal significa "Estamos atados como os elos de uma corrente; Estamos ligados na vida e na morte. Os homens que compartilham de uma relação de sangue comum nunca se separam uns dos outros."
Nkɔsɔnkɔnsɔn refere-se a uma corrente, e significa que a forte ligação entre pessoas de linhagem comum é difícil de romper. Os elos da corrente vinculam as relações humanas de unidade, fraternidade, interdependência e cooperação.
A força de uma cadeia depende dos elos individuais ligados entre si. Quando uma unidade torna-se fraca, isso pode provocar uma ruptura na cadeia. O sentido baseia-se na crença de que os ancestrais se interessam em proteger constantemente o bem-estar dos vivos.
Os griots utilizam diversos instrumentos em suas transmissões de conhecimentos, mais especificamente o kora, xalam, goje, balafon e o ngoni. Eles também transitavam entre os países firmando tratados comerciais e ensinavam às crianças danças, histórias e cantos ancestrais.
A oralidade, para eles, é sagrada e transmissora da paz.
Antigamente, os griots eram os conselheiros dos reis. Segundo a tradição, não é possível se tornar griot, só se nasce assim, e o sangue é passado através do pai.
À esquerda, Cazé pintou uma referência à arquitetura do Mali, a arquitetura vernácula. Esse tipo de construção pode ser encontrado em toda a região do Sahel na África. A arquitetura maliana desenvolveu-se durante o Império de Gana, que fundou a maioria das grandes cidades do Mali.
Marcadas pela utilização do barro como material de base e de acabamento, as edificações se mesclam com o cenário seco. A terra, o mais abundante e acessível material na natureza, é usada desde os tempos primitivos para a construção de casas, mas foram as técnicas desenvolvidas no Mali, adicionado à fluidez estética, que marcaram a história, com a utilização do tijolo adobe, feitos a partir de lama pisada, suplementado com componentes naturais como esterco ou grama picada. Os tijolos secos ao sol durante duas semanas são a base da construção, que utiliza o mesmo material como argamassa. Acima de tudo funcional, a arquitetura maliana nasce para aperfeiçoar a interação do homem com o meio ambiente seco e de ventos fortes, predominante na região. Assim, as construções, além da força de expressão criativa e autêntica, trazem técnicas complexas para a adaptação à atmosfera em que está inserida.
À direita, os baobás, árvores sagradas africanas, não são as maiores mas são as mais longevas árvores do mundo, podendo vegetar por mais de 5.000 anos.