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NEGRO MURO

MUROS

JOÃO CANDIDO

MUROS

JOÃO CANDIDO

No dia 21 de novembro de 1910, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, o "Baiano", foi condenado a receber 250 chibatadas no encouraçado Minas Gerais.

O que seria apenas mais uma tortura pública - ao som de tambores e com a tropa em posição de sentido assistindo - foi, na verdade, o estopim para a revolta calculadamente organizada por ao menos 2 anos pelos marinheiros liderados por João Candido.

O evento é retratado na primeira cena do muro em homenagem à Revolta da Chibata, um dos episódios históricos mais impactantes do Brasil.

O muro pintado foi justamente o da casa onde o marinheiro residiu entre 1930 e 1969. Um processo de planejamento e abordagem à família que durou alguns meses e que começa por conta de um chaveiro do Vasco.

Com a intermediação do fundamental Frei Tatá, no dia em que fomos conhecer Seu Candinho, seu único filho vivo, notamos sua paixão pelo clube cruzmaltino. Era véspera de seu aniversário de 82 anos.

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PROCESSO

Perguntamos e seu Candinho desconversou dizendo que João Candido talvez fosse flamenguista no Rio mas que era Inter de coração.

No dia seguinte, Rajão pediu ao marketing do Vasco uma homenagem ao Candinho, depois de explicar com entusiasmo e espanto sobre o total desconhecimento com relação ao próprio João e a revolta, eis que chega uma camisa com o nome do candinho e o número 83 (um detalhe).

Rajão foi lá levar na festinha de aniversário de Seu Candinho e, depois de uma campanha de crowdfunding muito bem sucedida, conseguimos viabilizar o que veio a ser um dos mais impactantes muros já produzidos pelo projeto.

Cada ato na pintura relembra de forma poética uma das histórias mais tristes e heróicas do país, enaltecendo João Candido Felisberto em sua própria casa, na Rua Turmalina 18 50, Coelho da Rocha, São João de Meriti, Rio de Janeiro.

Meses de planejamento, pesquisa e captação de recursos, 10 dias de trabalho e memórias para a eternidade junto a Candinho, filho caçula do Almirante Negro, que tão bem nos recebeu e acolheu.

Semanas após a inauguração do grafite, com presença de secretária de cultura, da igualdade racial e vereadores de SJ de Meriti, além de entidades negras, da marinha e da cultura do município, a repercussão midiática levou o prefeito a visitar as obras do Museu Marinheiro João Cândido, no Morro do Embaixador, também em SJ.

Pouco depois o presidente da ALERJ, André Ceciliano inaugurou uma placa de bronze oficial na ALERJ em homenagem à oficialização de João Candido como Herói do Estado do Rio de Janeiro com cerimônia oficial e, antes do acontecimento, melhorias no asfalto, nas calçadas e na iluminação da Rua Turmalina foram feitas.