Luiz Gonzaga Pinto Gama, o patrono do abolicionismo, advogado autodidata, escritor, poeta, dentre outras atribuições.
Luiz Gama é baiano de Salvador, se estabeleceu em São Paulo mas há uma relação importante com a cidade do Rio que Cazé exprimiu no 18o mural do projeto NegroMuro.
Sedento por justiça e dedicado por toda uma vida à luta pela libertação de seu povo, Luiz Gama adquiriu boa parte de seu conhecimento jurídico como ouvinte da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, depois de ser alforriado aos 17 anos.
Inquieto, o advogado negro baiano é uma grande inspiração por ter libertado - até onde se sabe - pelo menos 500 escravizados através de sua defesa irrestrita pela vida de seus iguais.
Intelectual, poeta, jurista, político, o homem que introduziu a sátira no jornalismo brasileiro.
E algo de muito especial nesta obra em específico:
Luisa Mahin, a mãe, a mulher, o mito libertário e o porquê dessa homenagem no Rio de Janeiro
Símbolo mítico da nossa história, Luisa Mahin foi retratada por Cazé no mural de Luiz Gama e nosso artista estava realmente inspirado porque é uma arte de tirar o fôlego nos detalhes e riqueza de cores, planos, texturas e sombras.
Luisa Mahin paira como figura mitológica da história preta brasileira e africana.
Luiz Gama veio ao Rio por 3 vezes buscar sua mãe e segundo os estudos da professora doutora Ligia Ferreira, LG ficou hospedado na pensão de um português na Rua da Candelária, esquina com a Rua do Sabão (atual Rua da Alfândega).
A Rua da Constituição, acreditem, foi a mais próxima do endereço em que conseguimos um muro.
O principal documento que descreve Luisa é uma carta que Luiz escreveu endereçada ao jornalista Lúcio Mendonça em 1880:
“Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa da Mina (Nagô de Nação), de nome Luisa Mahin; pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã.
Minha mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um negro retinto sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida é vingativa.
Dava-se ao comércio, era quitandeira, muito laboriosa e, mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreições de escravos, que não tiveram efeito.
Era dotada de atividade. Em 1837, depois da Revolução do doutor Sabino, na Bahia, veio ela ao Rio de Janeiro, e nunca mais voltou. Procurei-a em 1847, em 1856, em 1861, na corte, sem que a pudesse encontrar.
Em 1862, soube, por uns pretos minas, que a conheciam e que me deram sinais certos que ela, acompanhada com malungos desordeiros, em uma “casa de dar fortuna”, em 1838, fora posta em prisão; e que tanto ela como os seus companheiros desapareceram. Era opinião dos meus informantes que esses “amotinados” fossem mandados para fora pelo governo, que, nesse tempo, tratava rigorosamente os africanos livres, tidos como provocadores.
Nada mais pude alcançar a respeito dela.”
No mural do NegroMuro, Luiz finalmente encontra sua mãe.🖤
Para a realização desta obra prima foi necessária a mobilização e articulação de Tiago de Mello Cunha e Alvaro Cursino em que o mural foi parte do Seminário do Iinstituto IBPEA onde diversos escritórios de advocacia, advogados e seguidores do NegroMuro financiaram coletivamente a execução.
Agradecemos demais a todos que nos apoiaram e em especial à dra. Ligia Ferreira pela gentileza e aprendizados sobre LG e suas visitas ao Rio🖤